Sempre fui uma adolescente indecisa, e após considerar centenas de cursos, optei pelo Direito. Pensei: "mesmo não sendo minha paixão, terei uma profissão estável". Após um ano e meio de estudos, com boas notas, percebi que me identificaria mais seguindo a área "pedagógica" da minha mãe, e decidi mudar para Pedagogia. No meu primeiro dia de aula, tive Didática com a professora Maria José, uma educadora experiente da rede pública de Santos, com uma didática envolvente. Foi ela quem me apresentou Comenius e sua obra *Didática Magna*, que revolucionou o ensino ao propor que observássemos como as crianças aprendem. Aquela ideia de "aprender" ressoou profundamente em mim.


Os dias na Pedagogia passaram, e logo iniciei os estágios. Meu primeiro emprego foi em uma escola construtivista de Educação Infantil em São Vicente/SP, onde trabalhei como auxiliar da professora Vanessa, uma profissional dedicada e temente a Deus, com uma prática excepcional. Até hoje lembro de algumas de suas aulas. Eu era responsável pelo acompanhamento de um menino autista com nível 3 de suporte, extremamente inteligente, embora sem comunicação funcional. Com o conhecimento que tenho hoje, acredito que poderíamos ter alcançado ainda mais avanços. Foi meu primeiro contato com uma criança autista.


Trabalhei em outras escolas antes de finalmente assumir minha primeira turma do Ensino Fundamental. Dediquei-me ao máximo, mas, apesar do esforço, sentia que não conseguia atender plenamente todos os alunos. Com um salário limitado e as exigências da rotina, precisei conciliar o trabalho em várias escolas. Mesmo enfrentando a exaustão da dupla jornada, mantive meu compromisso com a especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica e, cinco dias após me formar, fui convidada a atuar como Acompanhante Terapêutica em um respeitado centro de reabilitação neurológica.


Na clínica, como chamávamos, acompanhei vários casos como AT e, diante de desafios, me senti, muitas vezes, insegura. Para fortalecer minha prática, mergulhei em estudos e completei a especialização em Análise do Comportamento Aplicada. Com o tempo, comecei a orientar colegas e logo iniciei mais uma formação, agora em Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica.


Hoje, com meu próprio consultório no Livance - Santos, atuo focada na aprendizagem, atendendo pessoas neurodivergentes, desde a infância até a terceira idade, com necessidades de estimulação cognitiva. Mantenho supervisão e sigo estudando, agora não mais para mascarar inseguranças, mas para proporcionar um atendimento de qualidade, embasado em ciência e com compromisso genuíno com o desenvolvimento dos meus pacientes.


Obrigada pela leitura e até a próxima!


Alice Andrade  

Terapeuta da Aprendizagem  

@aliceandradenpp